folhas de outono

13 de out. de 2013

Escolhi está poesia para homenagear a todos aqueles que ainda guardam a criança dentro de seu coração.

Cantiga 

Bem-te-vi que estás cantando
nos ramos da madrugada,
por muito que tenhas visto,
juro que não viste nada.

Não viste as ondas que vinham 
tão desmanchandas na areia,
quase vida, quase morte,
quase corpo de sereia...

E as nuvens que vão andando
com marcha e atitude de homem,
com a mesma atitude e marcha
tanto chegam como somem.

Não viste as letras, que apostam
formar ideias com o vento...
E as mãos da noite quebrando
os talos do pensamento.

Passarinho tolo, tolo,
de olhinhos arregalados...
Bentevi, que nunca viste
como os meus olhos fechados...


Cecília Meireles, em Viagem

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